terça-feira, maio 20, 2014

Deixe a luz acesa, de Ira Sachs ***1/2

Filmes que mostram a trajetória de um relacionamento amoroso por um viés realista não representam propriamente uma novidade no panorama cinematográfico contemporâneo. No caso de “Deixe a luz acesa” (2012), o que faz com que o filme se sobressaia nessa linhagem é a concepção vigorosa de narrativa do diretor Ira Sachs. Focando uma relação gay masculina, a produção não é apenas dirigida a um público específico, apesar da condição de homossexuais de seus protagonistas ter um peso determinante nos seus destinos. Sachs consegue combinar na sua obra diferentes ambiências, indo de atmosferas sórdidas até momentos bastante poéticos, mas também juntando em algumas cenas esses lados obscuros e românticos. O registro do cineasta é de uma crueza intensa, não se dobrando para facilidades sentimentais, sem que com isso o filme perca a sua pungência. Pelo contrário: essa secura estética realça ainda mais o forte aspecto emocional de “Deixe a luz acesa”, o que se evidencia também nas bem cuidadas composições dramáticas dos dois atores que interpretam o casal de personagens principais.