quinta-feira, janeiro 29, 2015

Ida, de Pawel Pawlikowski **1/2


A direção de fotografia de “Ida” (2013) é tão boa que dá vontade de fazer um álbum de fotos com alguns dos enquadramentos do filme, realmente notáveis em termos de composição cênica, iluminação e textura do preto-e-branco. Esse apuro estético nas tomadas, entretanto, não encontra equivalência no ritmo narrativo e no roteiro da produção. As concepções artísticas do diretor Pawel Pawlikowski sofrem de uma assepsia formal e falta de imaginação que acabam beirando o enfadonho. É provável que a intenção do cineasta fosse de que a frieza de sua abordagem, aliada a uma atmosfera de distanciamento emocional, buscasse uma sobriedade necessária para que a obra não caísse em excessos melodramáticos. Todo esse rigor, todavia, acaba se revelando equivocado, pois “Ida” é um filme condicionado a uma fórmula narrativa previsível e desgastada. O encadeamento da trama obedece a mecanismos convencionais, em que poucas vezes se pode perceber alguma vida criativa. Por mais que se pretenda como uma visão adulta sobre fatos complexos derivados da 2ª Guerra, obedece a uma lógica moralista e maniqueísta. O que dizer, por exemplo, da solução de que a personagem que bebe, fuma e trepa adoidada durante o filme na realidade faz tudo isso porque tem o trauma de um filho assassinado na infância e cuja saída final é o suicídio? Ok, essa pretensão de seriedade e superficial bom gosto até pode render alguns frutos momentâneos (tipo indicação a Oscar ou a algum outro prêmio), mas, do jeito que ficou, dificilmente vai ser considerado uma efetiva experiência cinematográfica memorável e estimulante.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Ainda preciso ver