Por vezes, pode-se perceber na narrativa de “O homem
duplicado” (2014) alguma tentativa de transcender a obviedade dentro da
temática do duplo, principalmente quando aborda a questão do vazio existencial
que perpassa as vidas dos dois personagens interpretados por Jake Gyllenhaal.
Em tais momentos, pode-se perceber fragmentos de uma visão mais sutil e
irônica, característica típica da escrita de José Saramago, autor da obra
literária na qual o filme de Denis Vileneuve. Mas são apenas em algumas
sequências que se pode perceber essa fuga da previsibilidade artística.
Vileneuve é até um diretor competente, principalmente no que diz respeito a uma
dinâmica cênica que se evidenciou em bons filmes como “Sicário” (2015) e “A
chegada” (2016). Em outras obras, entretanto, sua concepção estética-temática
se revela superficial, resvalando em clichês formais e textuais poucos
inspirados, o que representa bem o caso desse “O homem duplicado”.
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