Recentemente falecido, o diretor norte-americano John
Singleton sempre passou a impressão de uma grande promessa que não seu cumpriu.
“Os donos da rua” (1991) criou uma forte expectativa em torno de seu nome por
se tratar de um trabalho vigoroso em torno de uma temática problemática
envolvendo racismo e jovens negros dos subúrbios envolvidos com a
criminalidade, revelando ainda alguns atores em início de carreira que depois
obtiveram algum prestígio. Ainda que fosse um trabalho memorável, em termos
formais e narrativos não trazia grandes ousadias, o que talvez caracterizasse
que a tal expectativa sobre seus próximos trabalhos fosse até exagerada. A
verdade é que Singleton se tornou um artesão competente dentro dos padrões comerciais
tradicionais do cinema de ação contemporâneo (e não o “grande cineasta autoral”
que a crítica e parte do público esperavam). Nesse sentido, “Quatro irmãos é um
trabalho emblemático dentro desse direcionamento artístico. É uma obra que traz
uma carga considerável dos clichês estéticos e temáticos inerentes ao gênero,
mas trabalhados de forma segura o suficiente para garantir o interesse da
plateia. Por outro lado, Singleton até se permite realizar algumas bem-sacadas
referências ao cinema blaxploitation, principalmente na utilização da trilha
sonora funk-soul e na encenação algo estilizada de algumas sequências. Ou seja,
nesses termos, “Quatro irmãos” por vezes até se mostra acima da média e fora do
rotineiro.
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