quinta-feira, novembro 18, 2010

O Solteirão, de Brian Koppelman e David Levien ***


Para começar, cabe logo um esclarecimento: a escolha do título deste filme para o mercado brasileiro foi infeliz em qualquer sentido que se possa imaginar. Por um lado, pode afugentar aquela parte do público que não se sente atraída por comédias ligeiras (coisa que o filme não é). E sob outra perspectiva, ainda mais importante, não tem sintonia com o espírito da obra (no caso, a produção originalmente se chama “Homem Solitário”).

Tirando esse aspecto do título, “O Solteirão” (2009) é uma obra surpreendente. Mesmo dentro de uma concepção formal que quase nunca foge do convencional, acaba adquirindo uma força inesperada pelo roteiro bem construído e pelas eficientes composições dramáticas de seu elenco. A trama do filme consegue manter um tom constante de incerteza e perplexidade com o comportamento errático do protagonista Ben (Michael Douglas). O personagem se afunda de forma progressiva em um inferno pessoal, mas parece quase se divertir com isso em alguns momentos. Douglas acha com naturalidade o tom de sua interpretação, variando com sutileza a gama de emoções que emanam de Ben (indiferença, melancolia, bom humor afiado). “O Solteirão” mantém sem maiores concessões a sua coerência temática, não procurando muitas explicações para o comportamento de seu personagem, aspecto esse que se cristaliza na bela conclusão em aberto do filme.

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