sexta-feira, março 09, 2012

Poder Sem Limites, de Josh Trank ***1/2



Talvez uma das constatações que eu mais levanto neste blog é a profusão de filmes de câmera subjetiva (ou seja, aquela que é manejada por um personagem do filme, geralmente um amador) que desovam com frequências nos nossos cinemas. Como já disse antes, grande parte de tais produções mais serve como desculpa para diretores incompetentes do que gera alguma contribuição artística relevante. “Poder Sem Limites” (2012) é uma das louváveis exceções. A concepção formal aparentemente “amadora” do filme acaba até sendo uma moldura estética adequada para a trama dos três garotos que ganham superpoderes após serem expostos a matéria alienígena. A forma com que descobrem a extensão de suas habilidades e os questionamentos sobre o uso delas oferecem uma dimensão mais complexa e humana para a trama. Essa atmosfera de relativo realismo se evidencia nos próprios efeitos especiais, simples e um tanto desajeitados, mas que tem um resultado visual muito expressivo. As tomadas aéreas, por exemplo, evocam algumas cenas do “Superman” clássico de Richard Donner. “Poder Sem Limites” também surpreende por alguns detalhes dramáticos insólitos. Em uma obra que envolve jovens que adquirem poderes especiais, é de se pressupor que teremos como protagonista algum super-herói. Pois não é o que acontece na obra em questão: o personagem principal é Andrew (Dane DeHaan), um garoto de família desestruturada que costuma ser agredido pelo pai e receber bulling dos colegas de escola. Ao ganhar seus novos dons, sua fragilidade psicológica o leva ao descontrole emocional. Ou seja, “Poder Sem Limites” acaba revelando como tema principal a gênese de um supervilão!! E de maneira muito convincente, diga-se de passagem, mostrando-se mais em sintonia com o espírito dos quadrinhos do gênero super-herói do que muitas produções recentes cinematográficas que adaptam personagens clássicos dos gibis.

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