quinta-feira, março 08, 2012

Tão Forte e Tão Perto, de Stephen Daldry **1/2



O que incomoda nos filmes de Stephen Daldry é o tom pseudo-solene deles. A todo instante se fica com a impressão de que alguém revelará alguma grande verdade da vida, que virá um relevante ensinamento. Os personagens sempre sofrem durante o seu processo de “aprendizado”, são amargos devido aos percalços da vida. Dá até para imaginar que conversar com Daldry deve ser um exercício penoso. Afinal, o cara deve achar que faz cinema para salvar o mundo... O brabo é que tem gente que adora esse pedantismo pseudo-existencialista e confunde com grande arte. Não é à toa que praticamente todos os seus filmes sempre rendem algumas indicações ao Oscar. “Tão Forte e Tão Perto” (2011) não foge muito à regra do “estilo” consagrado de Daldry, com direito a seqüências com personagens olhando para o horizonte com o olhar pensativo (e uma musiquinha melosa de fundo para realçar todas essas reflexões intermináveis). Mesmo assim, é uma produção que é bem melhor que o penúltimo filme de Daldry e a coroação suprema da sua estética duvidosa, o ultra-brega “O Leitor” (2008). Em “Tão Forte e Tão Perto”, Daldry obtém algumas passagens interessantes, principalmente quando focas as ruas de Nova Iorque e as retrata por um olhar um tanto distorcido do protagonista Oskar Schell (Thomas Horn). Em tais momentos, o filme até ganha uma certa conotação de aventura insólita. Outro mérito inquestionável de Daldry: pela primeira vez na vida, Sandra Bullock tem uma interpretação dramática decente. Pena que o diretor não se contenta com isso e encha a paciência do espectador com quebras na narrativa para inserir trechos de discussões e choradeiras incessantes. No geral, “Tão Forte e Tão Perto” tem um acabamento formal competente, mas sua vontade de ser “atual” e “importante” o condena ao descartável.

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