Havia uma vertente do cinema paulista nos anos 80 que acabou
se tornando quase um subgênero dentro da história do cinema brasileiro,
representando uma série de filmes que buscavam uma linguagem pós-moderna em
suas respectivas concepções e realizações. Obras que juntavam metalinguagem,
estética estilizada, citações fílmicas e literárias, aproximação com o universo
da música que beirava um formato video-clipeiro. Talvez o grande representante
dessa linhagem de filmes nacionais foi o diretor Guilherme de Almeida Prado,
mas alguns outros diretores também conseguiram entregar alguns trabalhos
memoráveis. Entre eles, estão José Antônio Garcia e Ícaro Martins, cineastas
responsáveis por “A estrela nua” (1985). O filme em questão se enquadrava em
todas as características acima citadas, mas está muito longe do meramente
genérico. As citações à filmografia de Roman Polanski são até bem óbvias - no
contexto da obra, entretanto, têm um efeito dramático mais que eficiente. A
trilha sonora de Arrigo Barnabé tem a síntese exata entre a esquisitice e o
climático e realça com sensibilidade a atmosfera entre o luxuriante e o doentio
que perpassa a narrativa. Coroando as boas soluções temáticas e formais da
obra, há uma atuação marcante de Carla Camurati como protagonista em que a
loucura e a sensualidade convivem com naturalidade perturbadora.
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
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