A presença do roteirista Geoff Johns nos créditos de “Aquaman”
(2018) é decisiva. Ele foi o responsável pelo roteiro da série própria do
personagem no reboot que o universo DC sofreu em 2012. E as histórias eram
ruins, das piores que o célebre herói dos mares já teve em sua trajetória nos
quadrinhos. É justamente essa fase que serve como base para a trama do filme
dirigido por James Wan e é aquela velha história: o que começa errado
dificilmente tem chances de terminar bem... Voltando a falar do roteiro, é
claro que em uma produção blockbuster não há uma grande obrigação artística em
ser original, sendo que acumular clichês temáticos faz parte do jogo. Por
vezes, esse procedimento reciclador pode ser feito com competência e vigor e
gerar algo de empolgante, mas não é o caso de “Aquaman” – a impressão constante
é de que os roteiristas chupinharam na maior cara de pau várias passagens da
trilogia de “O senhor dos anéis” e da forma mais mecânica e artificial
possível. Embalando a picaretagem há uma encenação risível de primária nos
momentos mais dramáticos e uma opulência visual vazia e asséptica (é de se
reparar que nas sequências envolvendo personagens baleados, destroçados e
dilacerados não há sangue!!). Para coroar todos esses equívocos, Jason Momoa é
inexpressivo demais e pouco carismático para segurar o papel principal (isso
falar que sua truculência beira a escrotidão). Ok, algumas sequências de ação
até são divertidas na sua coreografia e por vezes a caracterização visual de
alguns efeitos especiais são interessantes. Mas isso é muito pouco para
aguentar longas duas horas e meia de barulheira e breguice. No cômputo geral, “Aquaman”
confirma que a DC continua soando perdida em suas adaptações para o cinema,
estando bem longe do padrão de qualidade dos Estúdios Marvel. Só geek sem noção
pode gostar dessa presepada.
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