Há uma diferença artística-existencial que é fundamental entre
“Detona Ralph” (2012) e a sua continuação “WiFi Ralph – Quebrando a internet”
(2018) – enquanto o primeiro filme primava por uma visão entre o nostálgico e o
irônico sobre o universo dos games e utilizando o recurso da paródia e do
pastiche, nessa segunda da parte das aventuras do protagonista Ralph o foco se
estende sobre uma reflexão sobre o universo da internet com citações diretas a
empresas virtuais que realmente existem. Nessa pegada, essa animação mais
recente decepciona pela abordagem narrativa e formal superficial e previsível
em excesso e por uma visão sócio-política fortemente conformista e em defesa do
ordenamento capitalista contemporâneo estabelecido por empresas de comércio
virtual. Por mais que a produção seja dirigida principalmente para um público
infanto-juvenil e que alguns aleguem que esse não seria uma plateia tão exigente,
não dá para negar que marca um retrocesso em relação a criatividade estética e
textual do filme anterior e que também contém um mal disfarçado subtexto
ideológico conservador dentro do dilema em que as angústias e medos do protagonista
acabam afetando a tranquilidade e assepsia dos inúmeros negócios e futilidades
que se desenvolvem na rede.
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
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2 comentários:
O primeiro filme, Detona Ralph, já era conformista ao extremo, porque partia da premissa de qualquer mudança implicaria na destruição do mundo dos personagens. A única mudança admitida era na verdade uma restauração, a volta ao poder da chatíssima Vanelope, a princesa que era "esperta" demais para querer ser princesa. Detona Ralph tomou emprestado de Shrek a premissa do cara presumidamente mau que na verdade é bom, mas o filme da Disney fugiu completamente à proposta subversiva do filme da Dreamworks.
realmente uma decepção, a maioria das continuações não conseguem alcança o mesmo nível que a primeira lançada. gostei do seu texto. Sobre o blog uma dica,seria legal se tivesse tópicos, facilitaria caso o leitor queira algo especifico.
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