É provável que vários textos críticos sobre “Green book – O guia”
(2018) tenham dito que o filme parece uma variação de “Conduzindo Miss Daisy”
(1989). E o caso é exatamente esse, só que a obra dirigida por Peter Farrelly é
bem menos inspirada que a produção oscarizada de Bruce Beresford. Enquanto essa
última era um melodrama marcado por uma sobriedade narrativa e mesmo uma leveza
na encenação e interpretação de seus protagonistas, o que fazia com que o seu subtexto
sobre racismo se mostrasse mais afiado, em “Green book” qualquer traço de
sutileza em termos formais e temáticos é suprimido em nome de uma abordagem
artística/existencial óbvia e equivocada. É o tipo de filme que não deixa o
espectador respirar ou pensar – há música melosa e ostensiva sublinhando todos
os momentos edificantes e a cada cinco minutos há um personagem discursando
sobre preconceito racial. A embalagem estética acaba sendo o complemento exato
diante dessa concepção narrativa-textual, com fotografia e direção de arte
marcadas por uma assepsia visual digna de cartão postal. Todas essas soluções
narrativas de Farrelly levam o seu filme para uma conclusão conciliatória de
caráter conservador e hipócrita, fazendo com que “Green book” se mostre bem
menos impactante e memorável do que outras obras lançadas em 2018 que trataram
de maneira mais contundente sobre a questão do racismo como “Infiltrado na Klan”
e “Roma”.
Um comentário:
“Green Book: O Guia” é um belíssimo road movie, onde mostra que as diferenças entre as pessoas se esvaem, uma vez que elas se prezam a se conhecer umas as outras extinguindo, por assim, a intolerância. Conheça a minha coluna no site Site Cinema e Movimento. https://www.cinemaemovimento.com/colunistas/green-book-o-guia-uma-licao-de-alteridade/
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