quarta-feira, junho 24, 2015

Enquanto somos jovens, de Noah Baumbach ***


Depois de emular trejeitos estéticos típicos da Nouvelle Vague em “Frances Ha” (2012), o diretor Noah Baumbach retoma aquela sua pegada mais tradicional de drama indie em “Enquanto somos jovens” (2014). Nessa levada, essa sua obra mais recente pouco difere da abordagem formal e temática de outros filmes do diretor a adotarem a formatação de drama com pequenos toques cômicos como “Margot e o casamento” (2007) e “O solteirão” (2009), e não atingindo a mesma consistência artística de “A lula e a baleia”, ainda o seu melhor trabalho (2005). Ainda sim, “Enquanto somos jovens” é uma obra de fôlego. A estrutura de seu roteiro evoca muito de uma das maiores obras primas de Woody Allen, “Crimes e pecados” (1989), na discussão que estabelece entre a natureza e a legitimação da arte. No confronto moral e estético entre os documentaristas Josh (Ben Stiller) e Jamie (Adam Driver), as resoluções da trama por vezes até conseguem fugir do óbvio, em que a defesa pela ética no “cinema verdade” por parte de Josh acaba se revelando ingênua e estéril diante da excelência sensorial do produto final elaborado por Jamie. Esse dilema central do filme é exposto com uma sutileza textual admirável, o que acaba sendo o grande ponto forte de “Enquanto somos jovens”. Sua abordagem formal está longe de ser arrebatadora, mas é eficiente em termos de narrativa cinematográfica. Além disso, há alguns detalhes que garantem uma empatia com o público, principalmente aquela ala que curte o universo “indie”, como a trilha sonora concebida por James Murphy (o líder do sensacional LCD Soundsystem) e o carismático elenco – nesse último quesito, com direito à participação bem humorada como coadjuvante da rapper Adam Horovitz dos Beastie Boys.

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