Ali pela metade da franquia, em seu capitulo 5, “Velozes e
furioso” adotou uma mudança conceitual na sua síntese temática-formal – é provável
que seus produtores perceberam a ascensão comercial dos filmes de super-heróis
da Marvel e daí resolveram adotar estética e roteiros cada vez mais exagerados.
Ainda que oportunista, tal mudança até teve a sua eficácia. “Velozes e furiosos
8” (2017) é a cristalização definitiva dessa alteração de paradigmas. Assim,
enquanto o primeiro filme de 2001 era um policial de ação movido a perseguições
automobilísticas, essa produção mais recente é uma aventura alucinada, beirando
o delirante, envolvendo muita pancadaria e perseguições que extrapolam os
simples carros envenenados, envolvendo também bolas de demolição, tanques de
guerra e até um submarino nuclear! Toda essa extrapolação barulhenta, pelo
menos, é bem coreografada em sua encenação, rendendo algumas sequências
memoráveis. O roteiro é um misto picareta e quase surreal de clichês do gênero
ação, toques de ficção científica barata e sentimentalismo moralista que chega
a ser engraçado pela sua cara-de-pau. Aliás, as cenas finais, de um churrasco
de celebração de amigos exaltando valores religiosos e familiares, depois de
mais de duas horas repletas de mortes e destruição, são a síntese exata do
espírito “sem noção” do filme.
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