segunda-feira, junho 15, 2015

De gravata e unha vermelha, de Miriam Chnaiderman **1/2


Vi “De gravata e unha vermelha” (2014) em uma sessão de meio de tarde de um sábado numa sala de cinema alternativa de Porto Alegre. Contando comigo, havia quatro pessoas na plateia, sendo que duas delas eram um casal homossexual. Não costumo começar um texto meu para esse blog com uma descrição inicial dessas, mas acho que contextualizar dessa forma ajudar a dar uma idéia do alcance e importância de uma obra como a produção em questão. Seria fácil apenas criticar a estrutura narrativa previsível concebida pela diretora Miriam Chnaiderman, dizer que a fórmula de ficar apenas colhendo depoimentos é manjada. Mas o objetivo do filme não é cativar o espectador pelos seus méritos formais. O que vale aqui realmente é a força de sua temática, e nisso não dá para tirar o mérito de Chnaiderman – sua obra é efetivamente intrigante e de forte caráter humanista na forma com que expõe as experiências pessoais e as visões existenciais de seus protagonistas relativas à questão da homossexualidade em suas mais diversas facetas. A franqueza dos entrevistados e a ênfase na complexidade das histórias mostradas, que se afastam dos lugares comuns e estereótipos frequentes, dão ao documentário um teor perturbador e contestatório, principalmente para aqueles que acham uma demasiada ousadia as caracterizações caricaturais e preconceituosas que boa parte dos meios de expressão cultural (com destaque para as novelas televisivas) adotam como direcionamento artístico ao abordarem o assunto. Nesse sentido, dá para entender perfeitamente porque “De gravata e unha vermelha” esteja longe dos cinemas de shopping...

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

É um filme para ser visto por todos mas não basta somente nós dizermos isso.