Sob uma perspectiva histórica, “A Estrada 47” (2013) significa
um avanço considerável dentro do cinema brasileiro – trata-se de uma produção
nacional que envereda para o gênero do “filme de guerra” e faz isso dentro de
uma infraestrutura respeitável, contando com locações internacionais e atores
estrangeiros, bom nível nas trucagens e uma narrativa razoável em termos de
ritmo e tensão. Ou seja, no mínimo dá para dizer que se equivale com a média do
que se faz na maioria das obras norte-americanas atuais nesse tipo de produções.
Aquele cara, por exemplo, que adora ver nas telas aquelas patriotadas dos
Estados Unidos em batalhas bélicas pode encarar na boa uma sessão com o filme
dirigido por Vicente Ferraz. É de se considerar ainda que é o primeiro trabalho
cinematográfico de efetiva repercussão que aborda a participação do Brasil na 2ª
Guerra Mundial. A má notícia, entretanto, é que “A Estrada 47” não vai muito
mais além do que o competente. Os elementos de encenação são dispostos de forma
burocrática e pouco imaginativa, aliados a um roteiro que simplifica a
caracterização dos personagens em clichês e estereótipos enfadonhos. Os dilemas
e conflitos da trama até podem gerar uma certa expectativa para a plateia, mas
são dispostos em cena de forma apática. Além disso, há alguns equívocos
narrativos comprometedores, principalmente no que diz respeito à chatíssima e
pouco sutil narração literária e empostada de Guimarães (Daniel de Oliveira). Apesar
de tais reveses, “A estrada 47” sugere um caminho novo a ser percorrido dentro
do cinema nacional popular, fugindo daquele padrão de besteirol medíocre da
Globo Filmes.
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