quinta-feira, agosto 13, 2015

A Estrada 47, de Vicente Ferraz **


Sob uma perspectiva histórica, “A Estrada 47” (2013) significa um avanço considerável dentro do cinema brasileiro – trata-se de uma produção nacional que envereda para o gênero do “filme de guerra” e faz isso dentro de uma infraestrutura respeitável, contando com locações internacionais e atores estrangeiros, bom nível nas trucagens e uma narrativa razoável em termos de ritmo e tensão. Ou seja, no mínimo dá para dizer que se equivale com a média do que se faz na maioria das obras norte-americanas atuais nesse tipo de produções. Aquele cara, por exemplo, que adora ver nas telas aquelas patriotadas dos Estados Unidos em batalhas bélicas pode encarar na boa uma sessão com o filme dirigido por Vicente Ferraz. É de se considerar ainda que é o primeiro trabalho cinematográfico de efetiva repercussão que aborda a participação do Brasil na 2ª Guerra Mundial. A má notícia, entretanto, é que “A Estrada 47” não vai muito mais além do que o competente. Os elementos de encenação são dispostos de forma burocrática e pouco imaginativa, aliados a um roteiro que simplifica a caracterização dos personagens em clichês e estereótipos enfadonhos. Os dilemas e conflitos da trama até podem gerar uma certa expectativa para a plateia, mas são dispostos em cena de forma apática. Além disso, há alguns equívocos narrativos comprometedores, principalmente no que diz respeito à chatíssima e pouco sutil narração literária e empostada de Guimarães (Daniel de Oliveira). Apesar de tais reveses, “A estrada 47” sugere um caminho novo a ser percorrido dentro do cinema nacional popular, fugindo daquele padrão de besteirol medíocre da Globo Filmes.

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