A temática da produção sueca “Nós somos as melhores!” está
relacionada ao universo juvenil, mas a sua abordagem artística a distancia dos
clichês pueris que predominam nos recentes filmes destinados ao público
adolescente. Pelo contrário – a visão do diretor Lukas Moodysson é universal no
seu alcance e contundente na sua concepção. O contexto temporal da trama é bem
definido: o início dos anos 80 numa cidadezinha sueca modorrenta. A partir
disso, Moodysson consegue um trabalho notável em termos de caracterização de
personagens e de situações. O trio de garotas adolescentes que formam uma banda
punk apresenta atuações intensas e convincentes por parte de suas intérpretes,
não caindo em estereótipos fáceis. São personagens críveis e humanas, com os
dilemas típicos da sua idade sendo dissecados com contundência e sensibilidade,
além de um bem vindo toque de humor. A encenação conduzida por Moodysson é
vivaz e madura, recebendo um complemento natural com a estética crua e
naturalista da obra. É de se considerar também que o lado musical e
comportamental da história revela considerável conhecimento de causa por parte
do cineasta: as discussões sobre bandas de punk rock, as cenas de composição e
ensaios de canção e o conflito ideológico e social entra a banda das garotas e
um grupo de hard rock farofa e machista são elementos culturais que não servem
apenas como pano de fundo, mas também como detalhes fundamentais que
complementam a compreensão existencial dos conflitos da trama. Diante de tal
direcionamento, “Nós somos as melhores!” acaba sendo equivalente fílmico de uma
áspera e sincera canção de punk rock.
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