segunda-feira, agosto 03, 2015

Jornada ao Oeste, de Tsai Ming-Liang ****

O que torna o cinema uma mídia cultural de linguagem própria? Sua construção narrativa para contar uma história? A montagem? Um filme como “Jornada ao Oeste” (2013) parece contestar tudo isso, mas também não oferece uma resposta pronta para qualquer questionamento. O diretor chinês Tsai Ming-Liang exaspera o uso de alguns recursos e os leva a um limite existencial e artístico que beira o perturbador (se bem que para alguns pode ser simplesmente tedioso). A obra em questão exige do seu espectador um certo desprendimento estético e temporal na sua apreciação. Não há propriamente uma história sendo contada e nem grandes truques formais colocados em pauta. O que Ming-Liang faz é um esmiuçar detalhista e lento na sua encenação, procurando captar nuances que tanto podem ser planejadas quanto aleatórias, em meio a expressivos enquadramentos de sua câmera. Esse cinema rarefeito e espartano, aos poucos, gera um efeito sensorial cativante, em que coisas prosaicas e naturais ganham uma notável dimensão artística e humana.

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