Há obras que conseguem serem emblemáticas das orientações
estéticas de uma época, tanto podendo simbolizar aspectos positivos de
determinadas tendências artísticas quanto o lado podre de outras correntes.
Nesse sentido, “Sobrenatural: A origem” (2015) representa o segundo caso: é um
filme que é um exemplar expressivo da abordagem genérica e medíocre que assola
a grande maioria das produções de horror contemporâneas de grandes estúdios. A
produção dirigida por Leigh Whanell adota uma formatação previsível e careta,
feita especialmente para não chocar o público médio e não muito exigente que
costuma ser adepto dessa linhagem de filmes. Isso pode ser constatado perfeitamente
ao se observar a progressão do roteiro: menina procura contato com a mãe recém
falecida, acaba atraindo um espírito maléfico que a assombra e possui e recebe
ajuda de uma sensitiva boazinha que exorciza o espectro demoníaco. Mais
importante que criar uma efetiva e perturbadora atmosfera de tensão é reforçar
a importância dos laços familiares e de que o amor vence tudo. O formalismo asséptico
da direção de Whanell é o complemento óbvio para esse direcionamento açucarado.
Convenhamos – isso não é um filme de terror, mas uma obra de caráter espírita
com alguns momentos de sustos chochos. Se você, caro leitor, se satisfaz com
isso, pode ver “Sobrenatural: A origem” que a diversão é garantida. Mas se o
seu caso é querer assistir a algum filme de terror recente mais consistente e
assustador, veja correndo “O segredo da cabana” (2011) ou “México Bárbaro”
(2014).
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