segunda-feira, agosto 10, 2015

Sobrenatural: A origem, de Leigh Whanell *


Há obras que conseguem serem emblemáticas das orientações estéticas de uma época, tanto podendo simbolizar aspectos positivos de determinadas tendências artísticas quanto o lado podre de outras correntes. Nesse sentido, “Sobrenatural: A origem” (2015) representa o segundo caso: é um filme que é um exemplar expressivo da abordagem genérica e medíocre que assola a grande maioria das produções de horror contemporâneas de grandes estúdios. A produção dirigida por Leigh Whanell adota uma formatação previsível e careta, feita especialmente para não chocar o público médio e não muito exigente que costuma ser adepto dessa linhagem de filmes. Isso pode ser constatado perfeitamente ao se observar a progressão do roteiro: menina procura contato com a mãe recém falecida, acaba atraindo um espírito maléfico que a assombra e possui e recebe ajuda de uma sensitiva boazinha que exorciza o espectro demoníaco. Mais importante que criar uma efetiva e perturbadora atmosfera de tensão é reforçar a importância dos laços familiares e de que o amor vence tudo. O formalismo asséptico da direção de Whanell é o complemento óbvio para esse direcionamento açucarado. Convenhamos – isso não é um filme de terror, mas uma obra de caráter espírita com alguns momentos de sustos chochos. Se você, caro leitor, se satisfaz com isso, pode ver “Sobrenatural: A origem” que a diversão é garantida. Mas se o seu caso é querer assistir a algum filme de terror recente mais consistente e assustador, veja correndo “O segredo da cabana” (2011) ou “México Bárbaro” (2014).

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