segunda-feira, janeiro 15, 2018

Lou, de Kordula Kablitz-Post **

A vida da intelectual russa Lou Andreas-Salomé teria tudo para render uma cinebiografia interessante, configurando uma explosiva síntese de feminismo, filosofia, psicanálise, erotismo e crítica sócio-comportamental tendo como cenário principal o complexo contexto histórico da Europa do final do século XIX e primeira metade do século XX. “Lou” (2016), entretanto, padece dos mesmos equívocos artísticos de “O jovem Karl Marx” (2017) – o tratamento narrativo conservador e previsível está bastante distante da ousadia artística e existencial de sua protagonista. O roteiro se contenta a uma formatação folhetinesca, reduzindo os principais dilemas e contradições que envolviam a figura de Andreas-Salomé a banais conflitos melodramáticos, além de retratar de forma simplória personagens históricos fundamentais para a cultura ocidental como Freud, Nietzsche e Rilke. O formalismo concebido pela diretora Kordula Kablitz-Post envereda pela mesma abordagem destituída de originalidade e vigor, resumindo-se a truques estéticos desajeitados e recursos narrativos executados de maneira mecânica. Dentro desse sofrível conjunto artístico, neófitos podem ficar com a impressão de que todas as importantes personalidades que aparecem ao longo da narrativa do filme, inclusive a própria Lou, não passavam de adoráveis e apatetadas figuras excêntricas.

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