A vida da intelectual russa Lou Andreas-Salomé teria tudo
para render uma cinebiografia interessante, configurando uma explosiva síntese
de feminismo, filosofia, psicanálise, erotismo e crítica sócio-comportamental
tendo como cenário principal o complexo contexto histórico da Europa do final
do século XIX e primeira metade do século XX. “Lou” (2016), entretanto, padece
dos mesmos equívocos artísticos de “O jovem Karl Marx” (2017) – o tratamento
narrativo conservador e previsível está bastante distante da ousadia artística
e existencial de sua protagonista. O roteiro se contenta a uma formatação
folhetinesca, reduzindo os principais dilemas e contradições que envolviam a
figura de Andreas-Salomé a banais conflitos melodramáticos, além de retratar de
forma simplória personagens históricos fundamentais para a cultura ocidental
como Freud, Nietzsche e Rilke. O formalismo
concebido pela diretora Kordula Kablitz-Post envereda pela mesma abordagem
destituída de originalidade e vigor, resumindo-se a truques estéticos
desajeitados e recursos narrativos executados de maneira mecânica. Dentro desse
sofrível conjunto artístico, neófitos podem ficar com a impressão de que todas
as importantes personalidades que aparecem ao longo da narrativa do filme,
inclusive a própria Lou, não passavam de adoráveis e apatetadas figuras
excêntricas.
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