Já faz alguns anos que a Pixar deixou de ser a incontestável
reserva criativa das animações norte-americanas. A produtora tem apresentado
uma incômoda oscilação artística em suas produções recentes, bem distante dos áureos
tempos de filmes antológicos como “Os incríveis” (2004) e “Wall-E” (2008). Isso
não quer dizer, entretanto, que tudo que lança seja destituído de interesse. “Viva
– A vida é uma festa” (2017) pode não trazer a mesma classe narrativa e nem a
inventividade gráfica das grandes obras-primas da Pixar, mas ainda assim
reserva algumas agradáveis surpresas para o público. Sem o psicologismo barato
e pretensioso de “Divertida mente” (2015) ou a narrativa amorfa de “Carros 3” (2017), o filme dos diretores
Lee Unkrich e Adrian Molina investe em um grafismo exuberante e festivo,
valorizando com sensibilidade algumas interessantes nuances da cultura
mexicana, além de apresentar uma trama sentimental de forte empatia com a platéia.
De se destacar ainda uma certa atmosfera de morbidez irônica e os belos temas
de teor latino da trilha sonora. Claro, “Viva” não chega a configurar algo exatamente
original, mas é uma animação bem eficaz na execução de seus simpáticos clichês
estéticos e emocionais.
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