Depois de assistir a “Chico – Artista brasileiro” (2015),
uma impressão inicial logo fica evidente – está muito longe de ser o desastre
que foi “Vinicius” (2015), equivocada cinebiografia de Vinicius de Moraes
também dirigida por Miguel Faria Jr. Dessa vez, o cineasta soube valorizar
melhor a vida e arte de seu protagonista, não recorrendo a constantes e
inconsistentes truques sentimentais e narrativos. Por outro lado, a
complexidade artística e existencial de uma figura como Chico Buarque exigia
uma concepção estética-temática menos previsível e mais ousada. A dinâmica da
narrativa é correta, boa parte dos números musicais tem os seus atrativos na
coerência da escolha de canções e intérpretes e a própria “matéria prima”
original já configura um atrativo à parte (farto material de arquivo visual,
depoimentos repletos de informações e erudição de Chico e, é claro, o seu
expressivo cancioneiro). No final das contas, entretanto, essa mera competência
formal e textual não se mostra em sintonia com o caráter inquietante que marca
a produção cultural e a própria trajetória de Chico Buarque na sua síntese de
tradição e transgressão. Por vezes, o documentário se mostra tão bem-comportado
que faz beirar o institucional, não sabendo explorar com mais sensibilidade e
perspicácia os dilemas, as contradições e a beleza singular que provém de tudo
aquilo que Chico está envolvido (música, teatro, literatura e mesmo sua vida).
Um comentário:
Embora poderia ter ido mais longe em sua proposta achei um bom documentário e que agrada os fãs do cantor.
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