Este blog tem a intenção primordial de falar sobre filmes,
mas para comentar uma obra como “Eu, Daniel Blake” (2016) é inevitável para
este que vos escreve fazer um pequeno aparte sócio-político. É que na minha
visão, um regime previdenciário que prevê concessão de proventos integrais
somente após 45 anos de trabalho e idade mínima de 65 anos aliado a uma radical
flexibilização de direitos trabalhistas, conforme deseja o usurpador Temer e
seus asseclas políticos e empresários, tem fins bastante específicos: matar
pobre e humilhar a classe trabalhadora, jogando milhões de pessoas no mercado informal
e na marginalidade. O diretor britânico Ken Loach parece também concordar com
tal previsão pessimista, pois a trama de seu filme mostra justamente a
trajetória de degradação e angústia morais e existenciais pelo qual o
protagonista do título passa ao ter de deixar de trabalhar por problemas de
saúde e recorrer aos programas de auxílio a desempregados da Inglaterra. Loach
conduz a sua narrativa com rigor e precisão, optando por um registro cru e
detalhista, sem apelar a truques melodramáticos excessivos, para mostrar o
absurdo e desumano inferno tecnoburocrático no qual Daniel (Dave Johns) se
afunda em busca de uma ajuda para a sua subsistência básica. O roteiro tem uma
profundidade e síntese dialética notáveis, o que se revela em nuances
contundentes como a ausência de moralismo hipócrita ao mostrar amigos do
personagem principal recorrendo à prostituição e ao descaminho para poderem
sobreviver e na arrasadora e coerente conclusão da saga de Daniel. A sobriedade
na construção narrativa da produção não sacrifica o forte aspecto emocional
inerente a uma história como essa – pelo contrário, pois amplifica ainda mais a
dimensão humanista da obra e o caráter desafiador da visão de mundo de Loach.
Um comentário:
Prefiro usurpador do que saqueador, como Lula, Dilma e asseclas, e aproveito para bloquear este site de mais uma vaca de presépio da manada petista.
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