Ainda que marcada por uma narrativa irregular, “Simone”
(2013) demonstrava evolução dentro da filmografia do diretor Juan Zapata.
Podia-se perceber na produção mencionada algumas inquietações estéticas e mesmo
uma certa ambiguidade na abordagem emocional de sua temática. Em “Para sempre”
(2016), o cineasta parece voltar à estaca zero ao se limitar a revolver de
maneira nada inspirada clichês narrativos de melodrama barato. Nos dez minutos
iniciais do filme ele já delimita, e esgota, todo o seu arcabouço formal e
textual – em uma trama envolvendo perda e trauma, haverá uma variação nos
planos temporais (presente e passado) a indicar um processo de aceitação e
aprendizado de uma viúva (Daniela Escobar). Nada contra a opção por usar elementos
convencionais na narrativa. O grande problema é que truques e recursos estéticos
são jogados na tela de maneira mecânica e sem criatividade. E a noção de construção
de uma jornada existencial é bastante rasteira, pois “Para sempre” emula uma
síntese de literatura de autoajuda e ficção romântica banal. Pode-se até perceber
uma intenção de sofisticação visual, principalmente pela trama se situar em
algumas fotogênicas cidades europeias. Acaba ficando só na tentativa mesmo,
pois o registro de Zapata nesses cenários fica limitado a uma concepção
imagética de cartão postal. Esse aspecto, inclusive, é emblemático do grande
equívoco artístico-existencial de “Para sempre”, em que Zapata parece se
deslumbrar com alguns signos de pretensos requinte e profundidade psicológica e
se adequa a um comodismo de retratar de forma asséptica e sem vigor a “alma” de
uma típica dondoca pequeno-burguesa, impressão reforçada pela interpretação
canastrona de Daniela Escobar. Nesse sentido, a obra de Zapata parece uma
derivação da franquia “50 tons de cinza” no uso de um formalismo “publicitário”
e na caracterização sentimental estilo “romances Sabrina” atualizado.
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