Por debaixo das aparentes frivolidades e breguices de “Souvenir”
(2016) há um interessante exercício de estética e ironia por parte do diretor
Bavo Defume. A produção recicla clichês de melodramas e musicais, com direito a
citações e referências diretas a clássicos do gênero, e os recria num contexto
artístico de certa originalidade. Direção de arte e fotografia evocam uma
insólita atmosfera entre o realista e o camp, fazendo lembrar algumas obras
marcantes de Jacques Demy, principalmente “Os guarda-chuvas do amor” (1964). A
própria atuação de Isabelle Huppert no papel da protagonista Liliane,
alternando sobriedade e exagero nas doses certas, se mostra em sintonia com
essa proposta estética e formal de Defume.
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