O diretor russo Andrei Konchalovsky tem uma filmografia
marcada por um rigoroso academicismo narrativo. Dentro dessa opção artística,
sua carreira não apresenta grandes arroubos criativos, ainda que seja um
competente artesão cinematográfico e por vezes tenha apresentado algumas obras
memoráveis como “Os amantes de Maria” (1984) e “Gente diferente” (1987). Sua
produção mais recente, “Paraíso” (2016), versa sobre a perseguição a judeus na
2ª Guerra Mundial e, em um primeiro momento, até sugere algumas ousadias
estéticas, principalmente nas sequências em que evoca técnicas documentais,
onde os principais personagens falam diretamente com a câmera. Tais recursos,
entretanto, aos poucos vão se esvaindo na sua capacidade de gerar efetiva
tensão dramática e mesmo uma convincente densidade psicológica para os
personagens. Ainda que detalhes formais como fotografia e direção de arte revelem
forte cuidado em suas respectivas concepções, narrativa e atmosfera se mostram
excessivamente solenes e previsíveis, fazendo com que “Paraíso” se configure
como um trabalho derivativo dentro do gênero ao qual pertence.
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