quinta-feira, abril 13, 2017

Paraíso, de Andrei Konchalovsky **1/2

O diretor russo Andrei Konchalovsky tem uma filmografia marcada por um rigoroso academicismo narrativo. Dentro dessa opção artística, sua carreira não apresenta grandes arroubos criativos, ainda que seja um competente artesão cinematográfico e por vezes tenha apresentado algumas obras memoráveis como “Os amantes de Maria” (1984) e “Gente diferente” (1987). Sua produção mais recente, “Paraíso” (2016), versa sobre a perseguição a judeus na 2ª Guerra Mundial e, em um primeiro momento, até sugere algumas ousadias estéticas, principalmente nas sequências em que evoca técnicas documentais, onde os principais personagens falam diretamente com a câmera. Tais recursos, entretanto, aos poucos vão se esvaindo na sua capacidade de gerar efetiva tensão dramática e mesmo uma convincente densidade psicológica para os personagens. Ainda que detalhes formais como fotografia e direção de arte revelem forte cuidado em suas respectivas concepções, narrativa e atmosfera se mostram excessivamente solenes e previsíveis, fazendo com que “Paraíso” se configure como um trabalho derivativo dentro do gênero ao qual pertence.

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