A princípio, “Diplomacia” (2014) pode parecer um tradicional
thriller de guerra envolvendo planos nazistas ardilosos e ações heroicas para
evitar que tais maquinações se concretizem. Sua estrutura narrativa envolve viradas
pontuais na trama e sequências de aventura com explosões, tiros e alguma
correria. Ocorre, entretanto, que por trás das câmeras está Volker Schöndorf,
um dos autores mais expressivos a aparecer no cinema alemão nas últimas
décadas. Assim, perpassa no filme em questão um forte tom reflexivo em cenas
cruciais. O cerne dramático da produção está no enfrentamento por diálogos
entre um general alemão e um diplomata sueco. Nesse embate verbal, deverá ser
decidido se Paris deverá ou não ser destruída antes da retirada das tropas
alemãs mediante o avanço das forças aliadas. Por ser baseado em fatos reais, é
claro que o desfecho da história é previsível. O que torna esse duelo tão tenso
e magnético é a encenação precisa de Schlöndorf, as bem delineadas
interpretações de Niels Arestrup e André Dussollier e o rigor textual do
conteúdo dessas conversas, repletas de verve, espirituosidade e notáveis
referências históricas e intelectuais. A origem teatral do texto se adequa de
forma convincente no formato cinematográfico e preserva de forma notável sua
forte carga humanista, fazendo de “Diplomacia” um contundente libelo contra a
intolerância nacionalista e étnica, temática essa, aliás, muito em sintonia com
os conturbados tempos atuais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário