O cineasta e roteirista norte-americano Sean Anders vem
atrelando seu nome com frequência no gênero comédia. Se com o ótimo “Sex drive –
Rumo ao sexo” (2008) ele tinha chamado atenção de forma positiva, no fraco “Quero
matar meu chefe 2” (2014) acabou despertando desconfianças em relação ao seu
talento. Com “Pai em dose dupla” (2015), Anders volta à boa forma. Talvez a
companhia tenha facilitado isso – tendo na coprodução Adam McKay, o grande nome
da comédia norte-americana contemporânea, e como protagonista Will Ferrell,
Anders consegue fazer uma boa combinação entre o humor físico exagerado e
beirando o escatológico com boas sacadas críticas em relação à sociedade dos
Estados Unidos. Ele não tem o mesmo gênio criativo de McKay no sentido de
conseguir extrair uma comicidade alucinada que faz tudo tangenciar o surreal,
mas ainda assim o seu filme tem alguns momentos bem memoráveis. Por trás de um
roteiro previsível e estruturado dentro de uma lógica moralista, a obra consegue
apresentar uma visão irônica sobre a família e as concepções machistas
habituais na sociedade ocidental. No subtexto do mote principal do roteiro que
seria o conflito pelo afeto de duas crianças entre seus respectivos pai (Mark
Wahlberg) e padrasto (Ferrell) há uma contraposição entre aquele que é o típico
cidadão norte-americano e a projeção do machão durão que todos querem ser. Fazendo
boa parte das gags visuais e dos diálogos girar em torno dessa dissecação do
imaginário do homem contemporâneo, “Pai em dose dupla” tanto é uma boa reflexão
sobre a hipocrisia e o ridículo nas convenções sociais quanto uma eficiente
comédia na capacidade de extrair algumas sequências realmente engraçadas.
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