A filmografia do diretor norte-americano Brian De Palma é
marcada por uma grande depuração da linguagem cinematográfica. Como ele mesmo
declara em um determinado do documentário “De Palma” (2015), para ele o roteiro
tem a função de preencher uma concepção estética e narrativa que vem em
primeiro lugar na sua mente. Os cineastas Noah Baumbach e Jake Paltrow,
realizadores da mencionada produção documental, se mostram em sintonia com tais
preceitos artísticos do seu protagonista, fazendo com que o filme se baseie
quase que exclusivamente em longos depoimentos de De Palma dissecando cada uma
das produções que dirigiu. Além do detalhar o contexto histórico de realização
delas, ele discute o seu método de trabalho, principalmente em termos de
encenação, truques estéticos e concepção visual. Impressiona a autoconsciência
que De Palma demonstra nessa entrevista em relação a sua carreira, no sentido de
como depura as suas influências, principalmente no caso de Hitchcock, e discute
com lucidez sobre a recepção de seus filmes por parte de público e crítica.
Nesse último quesito, boa parte daqueles filmes que muitos consideraram
fracassos artísticos e comerciais em suas respectivas épocas de lançamento com
o tempo mereceram uma revisão mais cuidadosa e tiveram os seus vários méritos
artísticos reconhecidos. Tal fenômeno se relaciona com a sofisticação da
abordagem formal de De Palma, cuja apreensão sensorial por parte das plateias
exige um olhar mais amplo do que o mero interesse por entretenimento rápido.
Para incrementar esse panorama artístico sobre o ato de fazer cinema, Baumbach
e Paltrow inserem trechos significativos de todos os filmes discutidos em cena,
bem como de obras que influenciaram De Palma. Assim, o espectador entra numa atordoante
viagem sensorial dentro da mente de pura lógica cinematográfica de De Palma.
Um comentário:
Pretendo assistir nesse final de semana
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