Existem filmes que cativam mais pelos conceitos que procura
trabalhar do que pelo seu resultado final propriamente dito. “Maresia” (2015) é
um caso exemplar disso. Dá para perceber algumas nuances interessantes no
roteiro, principalmente no que diz respeito a relação que se estabelece entre o
especialista em arte Gaspar e o seu objeto de estudo, o pintor falecido Emilio Vega,
ambos interpretados com forte intensidade por Júlio Andrade, em que os detalhes
obscuros da vida de Vega parecem determinar os tormentos existenciais de
Gaspar. Além disso, o filme apresenta uma direção de fotografia expressiva, que
sabe valorizar tantos as belas paisagens do Rio de Janeiro quanto criar uma
atmosfera sombria. Esses elementos promissores, entretanto, não conseguem se
conciliar dentro de uma narrativa satisfatória. O roteiro se perde em viradas
novelescas, além de seu subtexto ser esmiuçado sem maiores sutilezas. O tom
contemplativo da abordagem do diretor Marcos Guttmann cai no enfadonho em
algumas sequências, faltando para o filme uma mecânica narrativa mais ágil e
contundente.
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