O que torna “O filho eterno” (2016) uma adaptação
cinematográfica frustrante do romance original de Cristóvão Tezza não é
simplesmente o fato de tal versão não ser fiel ao livro em questão, mas o fato
de representar uma medíocre antítese da proposta artística contundente de
Tezza. Afinal, a mencionada obra literária apresenta uma engenhosa combinação
entre a ficção e o real para tratar da complexa relação entre o escritor e seu
filho com Síndrome de Down, com sutilezas narrativas da prosa que apresentam
uma carga simbólica e existencial desconcertante e que também versam sobre o
confronto do conteúdo idealista e apolíneo da arte com a crueza emocional do
cotidiano e dos sentimentos humanos. Nada disso está presente no filme de Paulo
Machline, que se contenta em enquadrar a história do original literário numa
formatação asséptica e previsível, diluindo a contundência dos conflitos e
dilemas da temática numa fórmula de soluções fáceis e edificantes, fazendo tudo
parecer uma novelinha global qualquer.
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