Talvez o grande problema para que o canadense Denis
Villeneuve se firmasse como um dos cineastas mais promissores a surgirem nos
últimos anos é uma excessiva pretensão “autoral”. Não que ambição artística
seja um problema, mas em seus filmes dava para perceber uma boa mão na
encenação e um trabalho diferenciado na direção de atores e que por vezes
falhavam como narrativa diante de um certo tom solene e excessivamente reflexivo
que deixava o ritmo de suas histórias um tanto truncado, além dos seus respectivos
roteiros se perderem em excessos novelescos. A ficção científica “A chegada”
(2016) é o filme de Villeneuve que melhor consegue resolver esse nó criativo. Assim
como em sua produção imediatamente anterior, “Sicário” (2015), fotografia e
trilha sonora são grandes pontos altos da obra, ajudando a compor uma atmosfera
melancólica e algo metafísica para uma trama versando sobre a chegada de
alienígenas na Terra, apresentando algumas referências visuais e mesmo de
ambientação que lembram Terrence Malick e Andrei Tarkovsky. A sofisticação de
tais elementos estéticos consegue se encaixar com naturalidade dentro de uma
lógica narrativa que se liga a uma estrutura de filme de gênero, ou seja, o tom
contemplativo está em sintonia com uma dinâmica tradicional da ficção
científica contemporânea. É de se ressaltar ainda a ousada concepção imagética
dos efeitos especiais e um roteiro que consegue dosar de maneira equilibrada os
clichês habituais da aventura fantástica com a pretensão e complexidade
temáticas a envolver viagens no tempo, comentário sócio-político e utopia sci
fi.
Nenhum comentário:
Postar um comentário