É claro que, em se tratando do diretor espanhol Carlos Saura,
“Argentina” (2015) está bem longe de entusiasmar tanto quanto as obras
clássicas do cineasta nos anos 60 e 70 ou mesmo com outras de suas produções
onde a música e a dança foram os enfoques temáticos principais. Incomoda um
certo tom de assepsia na abordagem artística do documentário em questão,
fazendo evocar por vezes um equivocado tom institucional. Ainda assim, é
impossível para o espectador ficar impassível com a exuberâncias do ritmos, melodias
e coreografias mostrados no filme e também com o refinamento narrativo e
estético impresso por Saura em algumas sequências. No âmago de temas e danças
de forte caráter telúrico se encontra uma arte marcada por humanismo pungente e
considerável teor sócio-cultural contestatório, com Saura mostrando
sensibilidade suficiente para captar com considerável fidelidade tais nuances.
Dentro dessa concepção artística-existencial, os grandes pontos altos de “Argentina”
se concentram nas belas homenagens para Mercedes Sosa e Atahualpa Yupanqui.
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