terça-feira, junho 27, 2017

Argentina, de Carlos Saura ***

É claro que, em se tratando do diretor espanhol Carlos Saura, “Argentina” (2015) está bem longe de entusiasmar tanto quanto as obras clássicas do cineasta nos anos 60 e 70 ou mesmo com outras de suas produções onde a música e a dança foram os enfoques temáticos principais. Incomoda um certo tom de assepsia na abordagem artística do documentário em questão, fazendo evocar por vezes um equivocado tom institucional. Ainda assim, é impossível para o espectador ficar impassível com a exuberâncias do ritmos, melodias e coreografias mostrados no filme e também com o refinamento narrativo e estético impresso por Saura em algumas sequências. No âmago de temas e danças de forte caráter telúrico se encontra uma arte marcada por humanismo pungente e considerável teor sócio-cultural contestatório, com Saura mostrando sensibilidade suficiente para captar com considerável fidelidade tais nuances. Dentro dessa concepção artística-existencial, os grandes pontos altos de “Argentina” se concentram nas belas homenagens para Mercedes Sosa e Atahualpa Yupanqui. 

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