O diretor britânico Guy Ritchie forjou uma peculiar
linguagem autoral em seus primeiros trabalhos, principalmente quando enveredava
pelo gênero policial. Quando embarcou de vez no “cinemão” comercial
norte-americano, dedicou-se a releituras modernizadas de figuras literárias (“Sherlock
Holmes”), televisivas (“O agente da U.N.K.L.E.”) e míticas – nesse último caso,
enquadra-se sua produção mais recente, “Rei Arthur – A lenda da espada” (2017).
Em algumas passagens do filme, principalmente em seu terço inicial, pode-se
perceber algumas características típicas de seu estilo, como os diálogos
prolixos e a edição repleta de cortes rápidos. Com o desenvolver da narrativa,
entretanto, sua marca autoral vai ficando cada vez mais diluída em nome de uma
síntese artística despersonalizada e convencional em excesso, em que a história
do Rei Arthur (Charlie Hunnam) parece se adequar a fórmulas de mercado. Por
vezes, há a impressão de que se está se assistindo a uma produção de
super-heróis da Marvel ou da DC situada na Inglaterra de séculos atrás. Se
alguém estiver interessado em assistir a uma obra realmente de peso versando
sobre as aventuras de Arthur, é melhor ficar mesmo com a obra-prima definitiva
sobre o assunto, o poético e vigoroso “Excalibur” (1981) de John Boorman.
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