A temática do satanismo não é novidade dentro do cinema,
principalmente quando se trata do gênero horror. Na grande maioria das
produções que versam sobre o assunto, o diabo e seus seguidores são vistos como
antagonistas a serem batidos, com seus princípios sendo vistos como uma
distorção daquilo que é considerado aceitável pela ordem vigente. No filme
episódico “México bárbaro II” (2017), a presença de demônios e afins tem uma
relação com a própria cultura religiosa do seu país de origem, onde o
catolicismo até hoje tem uma presença forte nos lares nacionais. Por outro
lado, boa parte dos episódios que compõem a produção sugere uma visão mais
libertária sobre o assunto, em que a fórmula narrativa sintetizando ironia perversa
e terror explícito-escatológico gera algumas sequências memoráveis que variam
entre o divertido e o perturbador. Por trás desses pequenos contos audiovisuais,
há um forte discurso existencial a questionar uma sociedade patriarcal e cristã
marcada pela opressão sócio-cultural, mas que também sabe preservar uma
narrativa tensa e envolvente. De se destacar ainda o ótimo trabalho de
trucagens, mais um fator que acentua a impressão de uma experiência
cinematográfica extrema no seu sensorialismo demente.
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