O fato da produção norte-americana “Tragedy girls” (2017)
ter tido exibição única e exclusiva no Brasil no FANTASPOA ajuda a ilustrar a
importância do festival. Dá para imaginar uma produção como essa do diretor
Tyler Macintyre, que abusa da violência gráfica e de um perverso senso de humor,
sendo exibida no bem-comportado circuito comercial de salas de cinema de
shoppings em Porto Alegre? Assim, fica evidente que somente num festival como o
FANTASPOA que uma obra como essa no gênero horror B poderia ser ter a chance de
ser apreciada numa tela grande. Não se trata propriamente de um filme com
grandes ousadias estéticas ou temáticas, mas que tem um certo caráter
instigante na forma com que expõe as hipocrisias do american way of life dentro
de um formato que sintetiza com eficiência comicidade ácida e suspense com alto
teor de violência gráfica, passando a léguas de distância do horror asséptico
das franquias do gênero que costumam aportar por aqui. Além disso, Macintyre
até se permite a incorporar algumas referências visuais e narrativas bastante
pertinentes e intrigantes, de “Um corpo que cai” (1958) até “Carrie, a estranha”
(1976). As acertadas escolhas artísticas do diretor levam “Tragedy girls” a uma
conclusão brutal e perturbadora capaz de colar por um bom tempo no imaginário
dos apreciadores do gênero.
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