quarta-feira, junho 21, 2017

Comeback, de Erico Rassi **

A premissa principal da trama de “Comeback” é promissora: numa cidadezinha furreca do interior do Brasil, um pistoleiro aposentado (Nelson Xavier) resolve voltar à ativa para resgatar a autoestima. Faz pensar numa espécie de faroeste atualizado e mesmo reconfigurado para o contexto brasileiro, algo como uma versão cabocla do clássico “O último pistoleiro” (1976). Na prática, entretanto, o que ocorre na tela fica bem distante das aparentes boas possibilidades. De certa forma, dá até para entender o direcionamento artístico proposto pelo diretor Erico Rassi, em que a indolência e mesmice do cotidiano desolador do protagonista Amador recebe a recíproca de uma narrativa de desenvolvimento e ambientação semelhantes. No final das contas, tal direcionamento formal-temático vai se mostrando cada vez mais frustrante e aborrecido na sua letargia criativa, fazendo com que a obra caia por vários momentos no sonolento e desinteressante. Mesmo quando os momentos de violência irrompem na tela, o que era para ser o ápice dramático fica apenas numa encenação tediosa e rotineira. No cômputo geral, as decisões estéticas e textuais de Rassi para o filme dão a impressão de quererem disfarçar uma preguiça do cineasta em oferecer algum momento mais ousado ou de maior impacto sensorial.

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