A premissa principal da trama de “Comeback” é promissora:
numa cidadezinha furreca do interior do Brasil, um pistoleiro aposentado
(Nelson Xavier) resolve voltar à ativa para resgatar a autoestima. Faz pensar
numa espécie de faroeste atualizado e mesmo reconfigurado para o contexto
brasileiro, algo como uma versão cabocla do clássico “O último pistoleiro”
(1976). Na prática, entretanto, o que ocorre na tela fica bem distante das
aparentes boas possibilidades. De certa forma, dá até para entender o
direcionamento artístico proposto pelo diretor Erico Rassi, em que a indolência
e mesmice do cotidiano desolador do protagonista Amador recebe a recíproca de
uma narrativa de desenvolvimento e ambientação semelhantes. No final das
contas, tal direcionamento formal-temático vai se mostrando cada vez mais
frustrante e aborrecido na sua letargia criativa, fazendo com que a obra caia
por vários momentos no sonolento e desinteressante. Mesmo quando os momentos de
violência irrompem na tela, o que era para ser o ápice dramático fica apenas
numa encenação tediosa e rotineira. No cômputo geral, as decisões estéticas e
textuais de Rassi para o filme dão a impressão de quererem disfarçar uma
preguiça do cineasta em oferecer algum momento mais ousado ou de maior impacto
sensorial.
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