O roteiro e a estrutura narrativa de “Vermelho russo” (2016)
partem de premissas de uma estranha síntese entre o simples e o sofisticado: a
partir de uma trama que acolhe experiências reais das atrizes Maria Manoella e
Martha Nowill, há uma encenação que combina intimismo, metalinguagem e
trejeitos de cinema documental, com as referidas intérpretes nos papéis de si
mesmas. No cerne desse conceito formal-temático está uma lúcida reflexão sobre
o papel da arte e da cultura na vida das pessoas. O curso sobre o método
Stanislavski de interpretação que Maria e Martha vão fazer em Moscou
desencadeia um processo de questionamento existencial para elas, onde indagam
sobre os rumos profissionais que tomaram, as suas escolhas sentimentais e mesmo
o significado da amizade entre elas. A narrativa é marcada pela concisão,
alcançando uma interessante atmosfera que varia com naturalidade de uma
consistente carga dramática para a comicidade sutil. Além disso, elementos do
teatro e da literatura se incorporam de maneira fluida dentro da linguagem
estética do filme, valorizando ainda mais as nuances dramáticas e irônicas do
roteiro.
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