segunda-feira, junho 05, 2017

Vermelho russo, de Charly Braun ***

O roteiro e a estrutura narrativa de “Vermelho russo” (2016) partem de premissas de uma estranha síntese entre o simples e o sofisticado: a partir de uma trama que acolhe experiências reais das atrizes Maria Manoella e Martha Nowill, há uma encenação que combina intimismo, metalinguagem e trejeitos de cinema documental, com as referidas intérpretes nos papéis de si mesmas. No cerne desse conceito formal-temático está uma lúcida reflexão sobre o papel da arte e da cultura na vida das pessoas. O curso sobre o método Stanislavski de interpretação que Maria e Martha vão fazer em Moscou desencadeia um processo de questionamento existencial para elas, onde indagam sobre os rumos profissionais que tomaram, as suas escolhas sentimentais e mesmo o significado da amizade entre elas. A narrativa é marcada pela concisão, alcançando uma interessante atmosfera que varia com naturalidade de uma consistente carga dramática para a comicidade sutil. Além disso, elementos do teatro e da literatura se incorporam de maneira fluida dentro da linguagem estética do filme, valorizando ainda mais as nuances dramáticas e irônicas do roteiro.

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