sexta-feira, novembro 24, 2017

Carmen, de Carlos Saura ***1/2

A premissa principal da trama de “Carmen” (1983) é algo manjada, quase apelativa no seu teor melodramático: nos bastidores de uma adaptação flamenca da ópera “Carmen” de Bizet, desenvolve-se um enredo envolvendo paixão e ciúme entre o diretor-coreógrafo e sua principal atriz, em paralelo com a história de temática semelhante da ópera encenada. Na verdade, tal roteiro serve apenas como um pretexto para o diretor Carlos Saura expor na tela aquilo que realmente lhe interessa – as sanguíneas coreografias flamencas, a fusão exuberante dos temas originais de Bizet com o virtuosismo de Paco de Lucía, o rigoroso formalismo baseado no detalhismo cênico e em composições imagéticas exuberantes. Em se tratando de Saura, é claro que se prefere a sua fase setentista baseada na síntese entre crônica intimista-política e narrativa de teor delirante, mas dentro de sua filmografia voltada para a música, “Carmen” é um de seus trabalhos mais contundentes.

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