Na trajetória de Jon Favreau como diretor, pode-se perceber
uma certa linha conceitual em suas concepções narrativas, mesmo quando atua
dentro do esquema dos blockbusters dos grandes estúdios – a de buscar uma
releitura vigorosa dos modelos tradicionais do “cinemão” incorporando um viés
sardônico típico das produções independentes de onde despontou inicialmente. “Crime
desorganizado” (2001) representa uma obra de transição na filmografia do
cineasta – trata-se de um longa-metragem no gênero comédia policial ainda da época
em que Favreau era mais atuante dentro do universo “B” do cinema norte-americano,
sendo que alguns anos depois se tornou o diretor responsável pelo megassucesso “Homem
de ferro” (2008). “Crime desorganizado” centra a sua trama no ambiente de
picaretas e bandidos pé-de-chinelo, com um roteiro que privilegia a comédia de
erros, situações absurdas, diálogos sardônicos e alguns momentos de violência
entre a crueza e o cartunesco. Nada de muito original, Scorsese e Tarantino já
fizeram tudo isso de forma bem mais impactante, mas ainda assim a dinâmica
narrativa engendrada por Favreau consegue ser envolvente, extraindo ainda
caracterizações carismáticas de seu elenco (com destaque para o próprio Favreau
e para o habitual parceiro Vince Vaughn).
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