Na ainda pequena amostragem que já se teve das obras do
diretor e roteirista Taylor Sheridan nas salas de cinemas, dá para dizer que
ele segue uma certa linhagem autoral. Em “Sicário” (2015) e “A qualquer custo”
(2016), produções que contaram com roteiros de sua autoria, pode-se perceber
uma expressiva síntese entre os preceitos do cinema de ação e abordagem e
atmosfera mais reflexivas, além de tramas que trazem em seus respectivos
subtextos uma sutil visão crítica sobre os descaminhos morais e sociais da
sociedade norte-americana contemporânea. Num contexto ainda mais amplo, são
filmes que revelam ainda uma releitura contemporânea dos gêneros policial e
faroeste. Em “Terra selvagem” (2017), longa-metragem de estreia de Sheridan
como diretor, tais características das mencionadas obras anteriores voltam a se
manifestar, sem, contudo, apresentar um foco artístico tão preciso. Há uma
narrativa envolvente, a memorável fotografia que valoriza a forte beleza
plástica das amplas paisagens geladas que servem de cenário para a trama,
sequências de ação muito bem dirigidas (o brutal tiroteio final é
particularmente antológico), encenação que por vezes cria momentos de sufocante
tensão psicológica e uma adequada trilha sonora climática composta e executada
por Nick Cave e Warren Ellis (ainda que dê a impressão de ser um tanto
derivativa de outros temas mais consistentes que eles fizeram para filmes
anteriores). O que incomoda em “Terra selvagem” é um excesso de cenas marcadas
por um forçado teor contemplativo e solene e um roteiro que força a barra em
diálogos filosóficos de almanaque, o que faz com que a narrativa não seja tão
equilibrada quanto as de “Sicário” e “A qualquer custo”.
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