sexta-feira, novembro 17, 2017

Diabo no corpo, de Marco Bellocchio ***1/2

Em boa parte da filmografia do diretor italiano Marco Bellochio, sexo e política se ligam por conexões complexas e indissociáveis. Por vias ora tortuosas, ora de sutil delicadeza, o erotismo adquire tanto contorno libertários quanto de um discurso ideológico difuso. Tudo isso fica evidente em “Diabo no corpo” (1986) – a encenação precisa e descarnada e a crueza dos embates sexuais acentuam uma concepção artística e existencial marcada por uma visão entre o amargo e o irônico dos dilemas e descaminhos da política italiana nas últimas décadas do século XX. Assim, sexo beirando o explícito e a temática espinhosa do terrorismo político parecem caminhar lado a lado com uma naturalidade bizarra e por vezes até encantadora.

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