Em boa parte da filmografia do diretor italiano Marco
Bellochio, sexo e política se ligam por conexões complexas e indissociáveis.
Por vias ora tortuosas, ora de sutil delicadeza, o erotismo adquire tanto
contorno libertários quanto de um discurso ideológico difuso. Tudo isso fica
evidente em “Diabo no corpo” (1986) – a encenação precisa e descarnada e a
crueza dos embates sexuais acentuam uma concepção artística e existencial
marcada por uma visão entre o amargo e o irônico dos dilemas e descaminhos da
política italiana nas últimas décadas do século XX. Assim, sexo beirando o
explícito e a temática espinhosa do terrorismo político parecem caminhar lado a
lado com uma naturalidade bizarra e por vezes até encantadora.
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