Os méritos de “Pantera Negra” (2018) vão muito além do
meramente politicamente correto. As nuances culturais e existenciais de fazer grande
parte da ação se situar em um fictício país africano não se limitam ao simples
exotismo, com o roteiro sabendo explorar com sensibilidade alguns dilemas e
contradições inerentes a esse contexto local e histórico e os inserir com
razoável coerência dentro da ambientação típica de uma produção de aventura.
Mais que isso: o discurso conciliatório que fica claro no subtexto da trama se
mostra em sintonia com a visão política-existencial sugerida em grande parte
das obras que saíram dos estúdios Marvel, ou seja, a de que por mais injusto ou
mesmo corrupto que seja o status quo ocidental, o primordial é sempre manter a
ordem ao invés de recorrer a radicalismos ou a ações criminosas. Em termos
estéticos e narrativo, a produção dirigida por Ryan Coogler também não foge do
padrão estabelecido nos demais filmes dos estúdios Marvel, sendo que por vezes
algumas sequências de ação parecem reciclar tomadas parecidas de outras obras “marvetes”.
Ainda que tal recriação seja feita com competência, causa uma certa frustração
que “Pantera Negra” não apresente os mesmos graus de ousadia e criatividade
artísticas que foram a tônica em “Thor: Ragnarok” (2017). Ainda assim, é um
trabalho bem divertido e envolvente em termos de dinâmica narrativa, tem seus
momentos memoráveis e o elenco evidencia algumas composições dramáticas
carismáticas (o vilão interpretado por Michael B. Jordan, especialmente, é um
dos melhores dentro desse universo cinematográfico da Marvel). Para aqueles que
ainda podem achar pouco tudo isso, é bom lembrar que “Pantera Negra” é léguas
de distância melhor que porcarias como “Esquadrão Suicida” (2016), “Batman vs.
Superman: A origem da justiça” (2016) e “Liga da Justiça” (2017) oriundas da
parceria DC/Warner.
Um comentário:
Um frescor de novidade que estava faltando para o Studio MARVEL
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