No gênero suspense, a força narrativa capaz de intrigar e
envolver o espectador está justamente naquilo que não se mostra em cena e que
nunca está suficiente claro na trama. Esse princípio é seguido de maneira bastante
eficaz pelo diretor Antonio Campos em “Simon assassino” (2018). Durante todo o
filme as motivações e intenções do protagonista Simon (Brady Corbet) são
marcadas por um caráter difuso. Pelo roteiro, são jogados alguns poucos
elementos de certeza sobre o personagem – sabe-se que é um jovem
norte-americano recém-saído da faculdade que foi passar um tempo em Paris, com
a ajuda financeira da mãe e que teve um final de relacionamento bastante
conturbado com uma ex-namorada. E se tem conhecimento também que o sujeito é um
tremendo mentiroso. A partir disso, os fatos se sucedem dentro de uma atmosfera
de forte tensão e de uma encenação repleta de expressivas nuances dramáticas,
em que a mitomania do personagem principal vai criando situações sem saída
tanto para ele quando para outros indivíduos que aparecem pelo seu caminho. A
narrativa varia com naturalidade entre ambientações que vão do sensual ao
sórdido. Nesse sentido, a Paris noturna é o cenário ideal para essa história
marcada por golpes, sexo e violência, indo de sequências de luminosidade
ofuscante até outras marcadas por um tom sombrio decadente.
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