quinta-feira, fevereiro 22, 2018

Simon assassino, de Antonio Campos ***


No gênero suspense, a força narrativa capaz de intrigar e envolver o espectador está justamente naquilo que não se mostra em cena e que nunca está suficiente claro na trama. Esse princípio é seguido de maneira bastante eficaz pelo diretor Antonio Campos em “Simon assassino” (2018). Durante todo o filme as motivações e intenções do protagonista Simon (Brady Corbet) são marcadas por um caráter difuso. Pelo roteiro, são jogados alguns poucos elementos de certeza sobre o personagem – sabe-se que é um jovem norte-americano recém-saído da faculdade que foi passar um tempo em Paris, com a ajuda financeira da mãe e que teve um final de relacionamento bastante conturbado com uma ex-namorada. E se tem conhecimento também que o sujeito é um tremendo mentiroso. A partir disso, os fatos se sucedem dentro de uma atmosfera de forte tensão e de uma encenação repleta de expressivas nuances dramáticas, em que a mitomania do personagem principal vai criando situações sem saída tanto para ele quando para outros indivíduos que aparecem pelo seu caminho. A narrativa varia com naturalidade entre ambientações que vão do sensual ao sórdido. Nesse sentido, a Paris noturna é o cenário ideal para essa história marcada por golpes, sexo e violência, indo de sequências de luminosidade ofuscante até outras marcadas por um tom sombrio decadente.

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