quarta-feira, setembro 12, 2018

A freira, de Corin Hardy *


O Hospital Mãe de Deus, localizado em Porto Alegre e que tem em sua administração uma fundação religiosa católica, poucos dias após o STF ter liberado a terceirização em praticamente todas as áreas de trabalho, demitiu mais de 300 funcionários do seu quadro, colocando em seus respectivos lugares terceirizados que ganham bem menos e com direitos trabalhistas sensivelmente reduzidos. A uma atitude cruel e de pura exploração econômica como essa se pode dar o nome de cristã. Sério, depois de uma medida dessa alguém pode dizer que tem medo de satã e outras “maléficas” entidades místicas fictícias afins? Começar uma resenha sobre uma nulidade artística como “A freira” (2018) com essa informação pode parecer até estapafúrdio, mas não pude resistir a fazer tal comparação depois de constatar a carolice constrangedora e estúpida desse filme dirigido por Corin Hardy e ficar sabendo da postura covarde e gananciosa do referido hospital. É claro que a produção cinematográfica em questão não é ruim somente por tal analogia existencial-temática. Trata-se de uma narrativa que engendra de maneira canhestra clichês baratos de horror com os mais batidos preceitos formais e textuais do gênero aventura, tudo isso disposto em tela da forma mais despersonalizada e asséptica possível e com um roteiro artificioso e estéril repleto de simplificações infantilóides. No conjunto geral, algo como uma cruza bastarda escrota de “O exorcista” (1973) com “O código Da Vinci” (2006), e bem distante das eficientes atmosferas de horror retrô da franquia “Invocação do mal” da qual se originou. E a decepção com o filme fica ainda mais acentuada quando se observa a sua defesa patética da igreja católica como guardiã moral e espiritual do mundo.

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