O Hospital Mãe de Deus, localizado em Porto Alegre e que tem
em sua administração uma fundação religiosa católica, poucos dias após o STF
ter liberado a terceirização em praticamente todas as áreas de trabalho,
demitiu mais de 300 funcionários do seu quadro, colocando em seus respectivos
lugares terceirizados que ganham bem menos e com direitos trabalhistas
sensivelmente reduzidos. A uma atitude cruel e de pura exploração econômica
como essa se pode dar o nome de cristã. Sério, depois de uma medida dessa
alguém pode dizer que tem medo de satã e outras “maléficas” entidades místicas
fictícias afins? Começar uma resenha sobre uma nulidade artística como “A
freira” (2018) com essa informação pode parecer até estapafúrdio, mas não pude
resistir a fazer tal comparação depois de constatar a carolice constrangedora e
estúpida desse filme dirigido por Corin Hardy e ficar sabendo da postura
covarde e gananciosa do referido hospital. É claro que a produção
cinematográfica em questão não é ruim somente por tal analogia existencial-temática.
Trata-se de uma narrativa que engendra de maneira canhestra clichês baratos de
horror com os mais batidos preceitos formais e textuais do gênero aventura,
tudo isso disposto em tela da forma mais despersonalizada e asséptica possível
e com um roteiro artificioso e estéril repleto de simplificações infantilóides.
No conjunto geral, algo como uma cruza bastarda escrota de “O exorcista” (1973)
com “O código Da Vinci” (2006), e bem distante das eficientes atmosferas de
horror retrô da franquia “Invocação do mal” da qual se originou. E a decepção
com o filme fica ainda mais acentuada quando se observa a sua defesa patética
da igreja católica como guardiã moral e espiritual do mundo.
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