A trama e a condução da encenação de “Jardim Europa” (2011)
deixam clara a origem teatral do diretor Mauro Baptista Vedia. Ainda que
marcada por uma estrutura narrativa realista, a produção traz um caráter de
simbolismos bastante forte ao apresentar um roteiro que através do microcosmo
de alguns poucos personagens pretende fazer um retrato da relação de conflito
entre as classes sociais no Brasil. Dessa forma, o cineasta se vale de uma
abordagem mais exagerada e icônica, típica do teatro, na dinâmica que se
estabelece entre situações e personagens, fazendo lembrar desde algumas das
peças mais emblemáticas de Nelson Rodrigues até aquela atmosfera de melancólica
decadência do clássico “Os deuses malditos” (1959). Por vezes, tais escolhas
artísticas rendem bons momentos. A seqüência, por exemplo, em que o simplório
assalariado Osmar Pampolini (Marcos Cesana) faz uma defesa bem-humorada das “realizações
políticas e administrativas” de Paulo Maluf é perversamente engraçada. Além
disso, há também algumas cenas em que Vedia consegue extrair uma efetiva atmosfera
de angústia ao caracterizar o processo de desagregação moral e afetiva de uma
família classe média alta em processo de ruína. Tais aspectos positivos,
entretanto, são insuficientes para caracterização “Jardim Europa” como um
trabalho satisfatório. No geral, é uma obra cuja aridez formal e a repetição
excessiva de algumas ideias temáticas a tornam uma obra cansativa e enfadonha.
Um comentário:
Adorei o filme
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