segunda-feira, março 02, 2015

Um santo vizinho, de Theodore Melfi **


Algumas indicações a prêmio ou truques de marketing podem fazer parecer que “Um santo vizinho” (2014) tenha um grau de relevância artística maior do que ele realmente tem. Em um primeiro momento, mesmo a sua formatação pode sugerir isso: uma ambientação de tons naturalistas (o protagonista vivido Bill Murray, por exemplo, é mostrado com todas as rugas a que tem direito e mais alguns machucados repletos de sangue coagulado), o roteiro tem aquelas pretensão de retratar as coisas do dia-a-dia, até mesmo a trilha sonora é repleta de boas canções na linha “rock indie”. Todos esses elementos, entretanto, só servem para iludir o espectador incauto. Na realidade, a produção dirigida por Theodore Melfi é bem genérica nos seus truques baratos de misturar comédia e melodrama edificante. Por mais escroto e irônico que Vincent (Murray) possa ser, sempre haverá um detalhe no roteiro que o isentará de suas más ações. A iluminação natural estourada e a caracterização sem glamour da maioria do elenco não conseguem esconder que se está vendo uma narrativa formulaica e sem convicção. O que garante algum pouco de vida e credibilidade para “Um santo vizinho” é o carisma de Bill Murray – o cara, mesmo envelhecido, é aquele tipo raro de ator que tem uma imposição cênica magnética e que consegue transcender mesmo uma encenação tão medíocre quanto à do filme em questão.

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