Existem filmes cujas premissas iniciais que deram origem aos
seus respectivos roteiros são bem mais interessantes que os seus consequentes
resultados finais. “American Ultra – Armados e alucinados” (2015) é um
expressivo exemplar de tal constatação. Ainda que a profusão de produções sobre
superespiões treinados a um limite sobre-humano seja grande (vide as franquias “007”
e “Bourne”, além de derivados), a ideia de um agente com amnésia (Jesse Eisenberg) que passa os
dias chapado de maconha e desenhando uns quadrinhos doidões e que acaba se
tornando alvo de eliminação por uma agência governamental acaba despertando uma
certa curiosidade para o espectador apreciador de uma boa aventura escapista. O
problema é que a abordagem do diretor Nima Nourizadeh acaba não fazendo jus às
expectativas promissoras. O ideal para um filme como esse é que a estrutura
narrativa se vinculasse a uma síntese entre a comicidade ácida e a ação
enlouquecida. No caso em questão, predomina uma dramaticidade excessiva,
fazendo parecer uma obra que se leva mais a sério do que deveria. A encenação
raramente encontra um tom adequado entre a comédia e a aventura, com os dilemas
da trama mais parecendo uma variação derivativa da linha “Bourne”. E se restava
ao elemento ação a chance de salvar “American Ultra” da decepção total, daí as
coisas naufragam de vez – o formalismo concebido por Nima Nourizadeh é
burocrático e sem inspiração. Estão lá as explosões, tiros, lutas e violência,
mas tudo num conjunto incapaz de criar empatia ou alguma cena memorável. Ou
seja, tudo bem distante da vigorosa releitura de clichês narrativos que
Nourizadeh tinha estabelecido em “Projeto X” (2012), seu trabalho anterior.
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