O francês Jean-Pierre Jeunet sempre foi um cineasta muito
superestimado. Em seus país natal, dirigiu alguns filmes que lhe deram
credibilidade cult entre a crítica e o público. Sua fórmula narrativa é simples
e por vezes até eficiente – truques estéticos simpáticos, um certo requinte
visual, ambientação esquisitinha e o tom agridoce dos roteiros lhe deram uma
certa aura autoral. Na coprodução franco-norte-americana “Uma viagem
extraordinária” (2013) boa parte desses artifícios foram limados e reduzidos,
bem provavelmente por exigência de executivos ávidos por uma acessibilidade
comercial que tornasse o filme mais viável comercialmente. Assim, o que se tem
é um trabalho derivativo e sem graça, provavelmente a pior coisa que Jeunet
lançou. É claro que em alguns momentos até dá para sentir alguns elementos
típicos do estilo do cineasta, principalmente na caracterização de algumas
situações e personagens, naquela síntese entre fofurice e esquisitice. Mas isso
acaba sendo muito pouco para salvar a coisa toda do lugar comum enfadonho que
predomina na narrativa. Clichês temáticos e formais são remexidos sem qualquer
inspiração ou vigor, resultando em um produto destinado ao esquecimento rápido.
Talvez fosse melhor Jeunet retornar a filmar em definitivo na França, pois em
terras estrangeiras se revelou um medíocre tarefeiro dos grandes estúdios.
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