A proposta artística da produção de Singapura “Quando meus
pais não estão em casa” (2013) faz lembrar bastante a do filme brasileiro “Que
horas ela volta?” (2015): usando a estrutura narrativa tradicional do gênero
melodrama, a obra do diretor Anthony Chen pretende fazer uma espécie de
dissecação das relações humanas dentro de uma sociedade marcada preconceitos e
desigualdades sociais profundos. No trabalho em questão, não dá para dizer que
há grandes transcendências estéticas e mesmo em termos existenciais – os dilemas
da trama são aqueles básicos, com uma narrativa que avança de forma linear e
sem sobressaltos. O grande mérito do filme de Chen é a sobriedade de sua
abordagem emocional, não caindo em soluções sentimentais fáceis e
manipuladoras, valorizando uma atmosfera plena de silêncios reveladores e a expressividade
de gestos e olhares. Dessa forma, aliada também a uma discreta propensão para a
ironia, sua crítica a uma sociedade de consumo que se mostra cada vez mais insensível
e absurda em seus valores morais e contradições se caracteriza pela
contundência e universalidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário