Há problemas que vêm se tornando recorrente em algumas
produções dos estúdios da Marvel: o excesso de situações e diálogos inúteis na
trama, abordagem melodramática em demasia de determinadas passagens, falta de
foco e consistência no roteiro, intepretações over de parte do elenco. Tais
equívocos voltam a aparecer em “Capitão América: Guerra civil” (2016) e por
vezes quase fazem sucumbir a narrativa. Duas horas e meia de duração podem fazer
pressupor que haverá uma composição dramática mais cuidadosa de personagens e
situações, mas não é o que acontece. As interessantes nuances políticas e
psicológicas da minissérie original “Guerra civil” feita para as HQs são
suprimidas em nome de uma simplificação exagerada e pouco convincente. Isso
fica evidente principalmente nas sequências finais, quando se fica sabendo das pueris
motivações do vilão Barão Zemo (Daniel Brühl) – aliás, até dá para entender que
nem tudo o que acontece no universo Marvel no cinema é igual ao que está nas
HQs, mas transformar um dos principais antagonistas do Capitão nos quadrinhos em
uma figura tão insípida chega a beirar uma heresia desnecessária e brochante.
Com todos esses defeitos e mesmo com o fato de ser bem inferior na comparação
com “O primeiro vingador” (2011) e “O soldado universal” (2014), “Capitão
América: Guerra civil” ainda se mostra como um filme de super-heróis bem
divertido. A dupla de cineastas Anthony e Joe Russo tem mão ótima para cenas de
ação, promovendo algumas cenas de perseguições e pancadarias bem memoráveis. O
conflito de heróis no hangar de aviões e o duelo final entre o Capitão e o
Homem de ferro certamente podem entrar numa antologia de grandes momentos da
Marvel nos cinemas. Além disso, alguns personagens recebem caracterizações
carismáticas e bastante fiéis aos originais dos “comics”, a começar pelo
próprio Capitão América (Chris Evans), cada vez mais icônico e imponente, além
de Pantera negra (Chadwick Boseman), Homem formiga (Paul Rudd) e Homem-aranha
(Tom Holland). Esse último, por sinal, consegue deixar ótimas expectativas para
um novo filme do aracnídeo.
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